sábado, 9 de março de 2013

Os Miseráveis - o filme

Os Miseráveis - o filme
Já havia assistido ao filme anterior e lido o livro, mas me surpreendi ao ver a nova versão de Os Miseráveis. Excelente filme, indico a quem ainda não teve a oportunidade de ver ou ler essa surpreendente história que perpassa aos tempos em que foi publicada em 1862 pelo escritor francês Victor Hugo (autor de O corcunda de Notre Dame). Seu enredo sobrepõe a época em foi lançado. Os Miseráveis tem a incrível capacidade de mostrar como uma pessoa pode se transformar por intermédio da ação de outra. Do ponto de vista psicológico é uma trama forte, envolvente e inquietante, pois nos faz refletir sobre o quão importante o simples fato de uma nova chance poder mudar inteiramente a vida de um indivíduo. Nos remete a refletir sobre o homem como produto do meio, mas ao mesmo tempo com condições de sobrepor essas mesmas condições quando lhes são dadas outras chances ou criadas novas oportunidades. Trata também de questões sociais, políticas e econômicas de uma França que não tratava o povo com ideais igualitários. A revolução francesa também faz parte da narrativa e é contextualizada pelos dilemas de uma população que clamava por direitos básicos como emprego, alimentação... Motes comuns ainda nos dias atuais.
Uma história de trapaças, armadilhas, mas uma bela trama de amor entre jovens e do amor que supera a carne, o amor fraterno que tudo perdoa e que vai além do que as atitudes podem explicar. Há um misto de sentimentos que envolvem o expectador e o leitor, ações mesquinhas, burlentas, mas entrecaladas por gestos de desprendimento e bondade. Na verdade ser miserável em Os Miseráveis não é apenas uma condição social ou financeira, mas vai além do caráter e da personalidade dos personagens: a miséria de espírito que se sobrepõe a miséria por não ter um simples pedaço de pão para alimentar uma criança.
Angélica Sampaio