domingo, 1 de setembro de 2013

O dono do mundo - por Mino

Era uma vez, um homem muito rico, tão rico, tão rico, que resolveu comprar o mundo inteiro.
Financiando algumas guerras, invadindo alguns países, submeteu as nações, adquiriu terras, dominou as comunicações e cercou seus domínios.
Com algum tempo viu que era o dono do mundo.
E assim, após ter comprado o mundo inteiro, subiu num lugar muito alto para contemplar suas propriedades. Dali assistiu também a multidão de gente que havia comprado. Jornalistas, advogados, políticos, governantes e se sentiu mais dono ainda. Subia, sempre que podia, para esse lugar, para pensar e gozar no triunfo e na glória, que dentro da história havia tido, superando Alexandre, Ciro, Nabucodonosor, Napoleão, Hitler e muitos outros reis, imperadores e conquistadores que não conquistaram o mundo como ele. E do alto desse lugar pensava:
- Tudo é meu!
Um dia, porém, descendo desse alto lugar, passou pelas margens de um alegre riachinho que corria cristalino pelas suas propriedades.
Uma jovem também, tão alegre quanto as águas do riacho, tomava o seu banho.
- Você sabia que esse riacho é meu? - disse para a jovem, o dono do mundo.
- Engraçado... todo dia venho banhar-me em suas águas e nunca vi o senhor por aqui. Venha! São águas deliciosas e além do mais seria uma honra para mim banhar-me com o dono desse maravilhoso lugar. - disse com inocência a bela jovem. O dono do mundo teve ali na beira do riachinho que era seu, mas não pescava e nem se banhava, uma sensação estranha, de que era dono de tudo e ao mesmo tempo de nada. Esse pensamento trouxe-lhe repentinamente a velhice. Juntou todo o resto de dinheiro e ouro que possuía, vendeu o mundo inteiro que havia comprado e juntando enfim, toda a sua fortuna, correu atrás do tempo para comprá-lo.
- Não estou à venda! - disse-lhe o tempo, envelhecendo-o um pouquinho mais.
- Sempre fui seu e graciosamente. Só lamento, tanto quanto você, que tenha me aproveitado apenas para comprar e vender, ao invés de ter tomado mais alguns banhos de riacho.
O velho pediu ao vento que espalhasse todo o seu dinheiro pelo mundo, que na verdade, nunca havia sido seu e sentiu-se muito feliz pela vida que agora era realmente sua.
Voltando por onde havia ido, tomou o rumo do riacho, onde a jovem o esperava. E pescando e banhando-se enlaçado à bela mulher, jovem e novo amor em sua clara velhice, abraçou finalmente a sua felicidade.
Moral de teor profundo para quem acha que pode ser o dono do mundo: A FELICIDADE, REALMENTE, NÃO SE COMPRA.
Caderno 3 - Diário do Nordeste - 31.08.2013.